Complexo Penitenciário do Gericinó vai transformar lixo em energia.

 O Governo do Estado do Rio de Janeiro vai transformar o Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste carioca – paralelo a Avenida Brasil na altura de realengo – no primeiro conjunto de presídios sustentável do país. Nesta terça-feira (1º/11), a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) publicou Termo de Cooperação Técnica entre a pasta e a  Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa) para a implantação de uma Usina de Recuperação Energética (URE) de Biodigestão, que vai transformar lixo em energia.

A unidade de biodigestão terá porte e característica industriais, com capacidade para gerar um total de 720 mil KWh por ano, o equivalente ao consumo de 300 residências a partir do aproveitamento do potencial energético dos resíduos que seriam destinados aos aterros sanitários para a geração de energia exotérmica (reação química que resulta em energia que aquece o ambiente). Assim, a usina vai transformar lixo em biogás ou biometano, dando ao material uma destinação ecologicamente sem prejuízos à natureza.

Com a implantação da usina, a Seap será beneficiada com a receita da venda do biogás e do biometano, resultando ainda na redução de despesas com a coleta de resíduos: grande parte do lixo, matéria-prima necessária à URE, será processada no próprio Complexo de Gericinó.

Outro ganho com a criação do espaço será oferecer ao privado de liberdade uma nova modalidade de trabalho, promovendo reintegração social, uma vez que a mão de obra dos detentos será usada para colocar a usina para funcionar nas suas diferentes etapas, desde a coleta seletiva ao trabalho industrial.

O Complexo de Gericinó tem, atualmente, 27 mil homens e mulheres cumprindo pena de reclusão em diversos regimes, um contingente que produz cerca de 400 toneladas por mês de lixo, incluindo garrafas PET volume de resíduos gerados pelo sistema de esgoto (que vem sendo reestruturado pelo Consórcio Zona Oeste Mais), que será aproveitado após ser convertido em iodo e, em seguida, transformado em biogás.

Receita para a Administração Penitenciária

A receita com a geração de energia pela URE de Gericinó será revertida para a própria Seap por meio do Funesp, fundo penitenciário que permite que os valores sejam reinvestidos no sistema penitenciário. Os recursos podem ser empregados, por exemplo, para pagamento de mão de obra prisional. A Seap prevê ainda redução nas despesas com a coleta de resíduos dos presídios, já que grande parte do lixo necessário para o funcionamento da URE será processada no próprio complexo.

A previsão é de que a usina de biodigestão do Complexo de Gericinó entre em operação até junho de 2024. O processo de licenciamento ambiental da obra começará imediatamente e deve levar pelo menos seis meses para ser concluído. A construção da usina começará de fato em abril do ano que vem.

Extinta UEZO poderia ter criado subsidiária para tratar resíduos hospitalares em Campo Grande

Antes da incorporação da Uezo pela Uerj, em março desde ano, o Centro Setorial de Ciências Biológicas e da Saúde, organismo da então Uezo – Universidade Estadual da Zona Oeste –, após um rigoroso estudo da viabilidade técnica, econômica, financeira e de segurança ambiental, aprovou o projeto “Descarte de Resíduo gratuito em Universidade Pública”, apresentado pelo Professor, Dr. Leandro Medeiros Motta – professor de Controle e Garantia de Qualidade de Medicamentos da Faculdade de Farmácia (UFar) da Universidade Estadual da Zona Oeste – UEZO; coordenador do curso de pós graduação em Tecnologia Industrial Farmacêutica (TIF-UEZO); ex- oficial Farmacêutico Industrial e supervisor do setor de Controle Ambiental do Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx) -,  que propõe a construção de um incinerador de lixo hospitalar nas dependências da Uezo, através de uma empresa subsidiária, para coleta, processamento e destino final do lixo hospitalar gerado pelos hospitais e laboratórios públicos da Zona Oeste e do Rio de Janeiro.

O projeto tinha como escopo contribuir para que o descarte dos resíduos hospitalares produzidos na Zona Oeste viesse a ser feito de forma adequada e gratuita, através da UEZO, para os hospitais que estão atendendo as vitimas do covid-19, com o objetivo de aperfeiçoar o investimento público e fazer zerar os gastos com o descarte de resíduos nos hospitais públicos, revertendo-os para demandas relacionadas a salvar a vida dos pacientes.

Leandro Motta justificou que um hospital público gasta com empresas privadas pela execução desse serviço quase o equivalente a R$ 4.000.000,00 por ano, e com a implantação desse projeto, tal valor poderia ser revertido às demandas da Pandemia.

O professor Leandro Motta explicou na época que para facilitar no combate aos reflexos  negativos da pandemia na saúde da Zona Oeste, poderia criar na UEZO uma unidade Integrada de Tratamento e Destinação Final de Resíduos (UTD), que teria como principal integrante uma empresa subsidiária com o objetivo incinerar de forma correta os resíduos coletados e recebidos, evitando com isso a poluição ao meio ambiental e danos  à saúde pública. Também pode-se criar um aplicativo de celular para que os hospitais possam marcar a retirada de seus resíduos por meio de um agendamento, informando o dia, horário e a quantidade em peso do material que será coletado, que concomitantemente a isso, cadastrará motoristas com veículos autônomos para o transporte dos resíduos até o local de incineração. A coleta das cinzas resultantes do tratamento acontecerá mediante a uma parceira com a COMLURB que deverá se encarregar de levar as cinzas para um aterro sanitário licenciado. O equipamento terá capacidade para incinerar resíduos de serviços de saúde classificados como hospitalares, bacteriológicos, laboratoriais, farmacêuticos, odontológicos, assim como materiais infectantes produzidos no combate ao covid-19.

“Inicialmente o projeto pode ser implantado com recursos financeiros  do estado, porém, depois de instalado, poderá gerar renda com incinerações de resíduos de farmácias locais e hospitais particulares próximos da UEZO que irão pagar pela incineração, e possibilitar a continuação do serviço gratuito fornecido para os hospitais públicos”, completou Leandro Motta.

A criação de uma Subsidiária da Uezo para gerir o projeto impactaria direta e indiretamente na criação de emprego e renda na região. Na fase inicial aproximadamente 20 vagas diretas estariam sendo aberta. Um número consideravelmente grande de motoristas autônomos atuando no transporte dos resíduos, aponta para o potencial de vagas indiretas a serem abertas com a ampliação dos serviços de incineração para hospitais privados e drogarias da Zona Oeste. Significaria ainda, uma economia anual de aproximadamente 17.072.330,00, considerando que o custo anual do projeto é de 338,170,00 e o valor anual pago pelos hospitais públicos, Upa´s do Rio de Janeiro e as Clinica da Família da Zona Oeste é de 17.410.500,00.

Por outro lado esse projeto mostra a verdadeira função da Uezo que através dos seus professores doutores está cumprindo o seu papel de pensar e desenvolver a região através da pesquisa e da inovação, no caso desse projeto, uma inovação de processo motivada pelo avanço do contágio pelo Covid-19. Outra inovação, desta vez de produto, será a fabricação de cimento com as cinzas dos resíduos, lembrando que uma pesquisa leva à outra e disso se alimenta a Academia.

Diante do aumento exponencial dos resíduos hospitalares devido ao crescente uso de material descartável em função da pandemia, e na expectativa de ver a Uezo cumprindo seu papel, o professor Leandro Motta espera contar com o apoio das autoridades públicas do legislativo e do executivo, estadual e federal, para ver em andamento as quatro fases do projeto, a saber: a criação da empresa subsidiária da Uezo, a instalação do incinerador, o cadastramento de hospitais públicos para incineração gratuita e a disponibilização do serviço pago para hospitais, drogarias e laboratórios de análises clínicas da rede privada, tudo isso num prazo de três meses.

O professor Leandro não encontrou apoio dos parlamentares que conheceram o projeto que está engavetado até hoje.